23/04/2013
Vou
começar pelo fim. Em nossa 11ª. Reunião Ordinária de ontem, seguida pela 12ª.
Extraordinária, que, ao fim de duas horas, teve aberta a palavra franca aos
vereadores, fiz um pronunciamento sobre o que penso a respeito da situação do
atual presidente de nossa Casa Legislativa.
Muitas
vezes, a adoção de uma POSIÇÃO, é confundida com a adoção de uma OPOSIÇÃO. Mas,
mesmo correndo este risco, decidi verbalizar o que sinto e penso. Neste mundo
tão carente de referências, no qual a solidez das instituições e vínculos está
sendo substituída pela liquidez, quiçá pela volatilidade, julguei importante
definir-me frente às últimas, já tardias, ocorrências que ecoam sobre todos nós
vereadores.
Em
plenário, pedi o afastamento do presidente de seu cargo, até que se processe o
veredicto da Justiça frente aos fatos amplamente divulgados que, a meu ver, o
comprometem em seus aspectos morais e éticos:
“Não podemos deixar, Nobres Edis,
que a Alienação nuble nossa visão à realidade dos fatos que estamos
vivenciando! Temos um Presidente maculado por críticas e fatos, por ele mesmo
confirmados. Mesmo que denúncias ainda não tenham sido apresentadas, denunciado
ele já está! Mesmo que sua pompa ignore o ferimento à preciosidade de seu
cargo, as circunstâncias clamam providências! Mesmo que os rituais desacelerem
todo o processo de desmantelamento em andamento, as explosões populares já se
fazem ouvir! Aquilo que é Essencial deve prevalecer sobre o que é Aparente. Nós
não somos Nobres, nossa função é Nobre!
Caro Presidente, se o respeito como
Pessoa, não posso mais ter, agora, a mesma diligência à sua Autoridade. Nosso vínculo
não pode ser outro que apenas o burocrático. Não é digno que não cumpramos o
luto por morte tão prematura. Nosso trabalho, para ser exercido com o acerto
que lhe é esperado, prescinde de tranqüilidade e moderação. Mesmo que o Direito
lhe preserve o cargo, nele não cabe seu comportamento Torto. Vossa Excelência, teria
uma atitude exemplar, sobretudo, aos adolescentes tão carentes de
identificações positivas, se, num momento de lucidez, distanciado da inebriante
névoa do poder, abdicasse deste seu posto para quem sabe, um dia voltar a ele
vestido de roupas limpas e investido da Verdade nua que hoje lhe dói tanto.”
Logo
que me pronunciei, a maioria dos vereadores também colocou seu entendimento
sobre este caso, em especial, distanciando-se deste meu apelo inicial,
fazendo-me parecer ser eu “uma voz que clama no deserto”.
O
mote dos discursos, carregados de expressões bíblicas, poderia ser sintetizado
na já desgastada frase: “aquele que nunca errou que atire a primeira pedra”. Disse
eu que, ao contrário, o silêncio que se ouvia sobre este assunto por boa parte
de meus colegas, fazia parecer que não havia nenhum erro, que, uma vez assumido,
para seu próprio desenlace, pedia reparação. Diga-se de passagem, esta condição
errática foi assumida depois de reiteradas negações e contradições, fazendo
inclusive pensar na sua possível continuidade caso não tivesse sido deslindado.
Mas, voltando, uma vez, publicamente, revelado, nada mais justo que sua inconseqüência
tivesse reparos objetivos e palpáveis.
Em
certo momento das colocações, compararam nosso presidente à Maria Madalena,
possivelmente confundindo-a com a ‘mulher adúltera’ que teria sido levada a
Jesus antes de ser apedrejada e, momento no qual, o Mestre teria dito a frase
destacada acima. Então, eu disse que, no meu ver, Madalenas eram as ‘meninas’
destacadas nas fotos que figuram nosso presidente e, pensando melhor, tantas
outras ‘meninas da vida’ que, não tendo melhor opção, submetem-se aos beijos e
abraços que, como pedradas, também matam.
Falaram
do fato em si não ter ocorrido na própria Câmara, talvez, por considerarem que
nossa função se restringe àquele espaço físico, quando na verdade, ele é
potencialmente, e principalmente, melhor exercido quando abstraído nos olhares
que, desde que fomos eleitos, deveríamos ter sobre toda a municipalidade. A Câmara,
prédio público onde nos alocamos, é apenas uma representação de algo muito
maior, que deveria ter seu endereço em todas as ruas de nossa cidade. Nunca imaginei
uma Cama na Câmara, seria cômico se não fosse trágico!
Também,
se disse algo relativo à inveja daquele vereador pela sua ascensão a diversas
instâncias e possível candidatura a deputado estadual. Bem, no meu entender,
ele não precisa de ataques externos para se sujar, os fatos e as fotos dizem
por si, é ele mesmo quem se atacou o suficiente para receber agora, de mim,
esse mínimo pedido de afastamento. Acusações de que há ‘perseguição política’
não me cabem, pois, antes de ser um vereador, sou um profissional de saúde
mental, médico, psiquiatra, psicanalista e professor, tendo assim um estreito
compromisso com os direitos humanos e, em particular, com a preservação das
mínimas condições de saúde das crianças e adolescentes.
Ao
fim, amparado pelo coro da maioria de meus colegas vereadores, que em nada
aventaram o decoro, o presidente repetiu o bordão de D. Pedro, em resposta a
Portugal: “Diga ao povo que fico!”. Esta frase teria sido pronunciada alguns
meses às vésperas da Independência do Brasil. Ontem, 22 de Abril, comemorávamos
o ‘Dia do Descobrimento’, que teria se dado alguns séculos antes daquela
Independência. Pedro (D. Pedro I) e Pedro (Álvares Cabral). Pedros e Pedras. O nascimento
de uma nação, seu descobrimento, não é o mesmo que sua independência. Não nascemos
independentes, nos tornamos. Há um longo caminho a ser percorrido entre o
nascimento e a independência. Muitos, em especial as crianças e os
adolescentes, gritam serem independentes, quando ainda estão aprendendo a dar
os primeiros passos. Em Três Corações, antes de D. Pedro I, precisamos de outros
Pedros, que nos descubram, nos respeitem e nos ensinem a andar.
Convido-os,
caros leitores, a acessarem os dois últimos textos que escrevi em meu blog ‘Associações
Livres’ (www.mauriciogadbem.com): “Um
Presente Diferente” e “Essa Propriedade está Condenada”, para debatermos, de
forma mais ampliada, alguns destes temas acima.
Também,
deixo para novas postagens, outros temas, não menos importantes, levados a
estas sessões referidas anteriormente, bem como a citação de outras ações que
tive como vereador.
Nao posso deixar de citar, a comparação feito pelo Luciano ( VOVO) do nosso atual,presidente da câmara,ao RENAN CALEIRO, tadinho tenta ajudar e piora mais ainda a situação,volto a da meus parabéns Mauricio, Assinado: Weslei Costa
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMaurício,
ResponderExcluirAgradeço a transparência verdadeira e a coerência das palavras.
Estamos a 1 ano da Copa do Mundo e todos os planos empresariais e comerciais podem sucumbir porque às vésperas ou durante o evento o prefeito pode ser condenado por estelionato qualificado e o presidente da câmara por pedofilia. É a imagem mais genuína para uma terra de rei (na barriga) como a nossa, muito conveniente para a sociedade conivente e fetichista que está aí!
Estamos contigo!
Maurício mais uma vez comprova sua índole, sempre com muita lucides,inteligência e ética suas colocações.
ResponderExcluirOs poderes executivo e legislativo estão podre com suas representações.
Você Maurício, é sem dúvida um grande orgulho para seu povo.
Parabéns!!! Evandro Nogueira
Não só belas como consistentes suas palavras.
ResponderExcluirO Senhor enobrece o cargo que ocupa!
Estava presente nessa reunião e diante do ocorrido ,muito bem detalhado pelo Mauricio, fiquei perplexa com a postura dos nobres vereadores....Ética? Valores? O que será isso para nossos representantes? Vida pública? Sabem o que é isso?? Como cidadã estou indignada com o que vi e ouvi nessa dita reunião. Mas principalmente orgulhosa por saber que PELO MENOS UM vereador , que é vc Mauricio, tem um posicionamento correto e decente diante de tantos desmandos. Obrigado por fazer da sua a nossa voz!!!
ResponderExcluirTodos os atos obscenos que ocorrem e ocorreram nesta cidade, assim como no Brasil inteiro, cada vez mais me deixa mais perplexa e descrente da política e do ser humano de maneira geral...Entenda-se por atos obscenos não só a promiscuidade sexual, mas também os roubos aos cofres públicos, a corrupção generalizada, a violência urbana, a violência verbal, os conchavos e coluias, enfim, toda a maldade que impera no coração do ser humano, que ao meu ver, está carente de espiritualidade, de religião, de ética e valores, está carente de DEUS e ainda utiliza seu nome em vão...! LAMENTÁVEL!
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