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Jairo Marques - jornalista |
Sr. Jairo Marques, editor do jornal Folha de São Paulo, dedicou um e-mail com palavras de incentivo ao "Três Corações sem Degraus" por ocasião do ato público que realizamos no último dia 24 de agosto. Publico aqui a resposta a ele como forma de dar publicidade a algumas das discussões que o grupo aberto está se colocando para as próximas semanas: nossa próxima reunião será no dia 18/9, às 19h00, na Câmara Municipal.
Blog Assim como Você, de Jairo Marques, na Folhaonline
http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br
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Caro Jairo,
fui obrigado a adiar por duas
semanas o retorno ao seu amigável e-mail, uma espera angustiante para mim, mas
que não foi vã: com todos os engodos de uma comemoração de Independência num
país ainda tão socialmente desigual, o 7/9 veio para acabar com todas as
esperas e dúvidas, escrevo para lhe contar.
Agradeço sua observação sobre eu
me apresentar como “estando vereador”, estou ainda no começo do segundo
semestre do primeiro ano de vida pública, e mais de uma vez já pensei em
desistir, agoniado entre mandatários encarnados a farejar eleições (como rosnam
para qualquer novidade!).
Ato Público,
a manhã em que aconteceu, no dia 24/8 foi muito
especial, e incluiu a leitura do seu e-mail durante a solenidade de adesão
simbólica dos municípios da região ao “Viver sem Limite”. No momento em que recebemos
o cortejo das ruas, li ao microfone suas palavras de incentivo e solidariedade.
Autoridades municipais de 10 cidades do Sul de Minas estiveram na apresentação do “Plano Nacional de Defesa
dos Deficientes” promovida pelo grupo aberto, e cerca de trezentas pessoas
participaram do ato público nas ruas de Três Corações. Conversei ontem com o
apoiador institucional do Plano Nacional para Minas Gerais, Sr. Ronaldo Peres
do Amaral, que me contou que hoje falta apenas uma adesão municipal para que o
Viver sem Limite cumpra a meta no Sul de Minas: não é incrível? Nasceu das
discussões abertas de um grupo voluntário o conhecimento estratégico que
precipitou a chegada à região da maior política pública de promoção e defesa
dos direitos humanos dos deficientes em vigor no país.
Democracia Participativa,
tudo isto começou no mesmo dia em
que os manifestantes das ruas de Três Corações visitaram a Câmara Municipal para
ler a sua pauta de reivindicações, e me parece que o florescimento e a direção que
tomou o “TC sem Degraus” fez do grupo uma das expressões da Democracia
Participativa mais maduras e fugazes que a região conheceu neste ano tão
laborioso em experiências democráticas.
Enquanto os manifestantes das
ruas viram sua agenda murchar de um conjunto de reivindicações a uma negociação
apertada sobre o preço da passagem, o plano inicial do “TC sem Degraus", que era
de ocupar as ruas com o ato público, evoluiu para uma especulação completa
sobre o momento por que passa a atenção aos deficientes em Três Corações, com
participação de instituições públicas e privadas, entidades e famílias com
deficientes, duas representações jurídicas em defesa de direitos públicos para
deficientes, e a elaboração de 10 leis de atenção às necessidades especiais: o
grupo configurou-se como uma universidade aberta de democracia participativa.
Sete de Setembro,
no calor da emoção do ato público houve quem
levantasse a hipótese de participarmos do desfile cívico do dia da
Independência, o que nos daria uma visibilidade comunitária interessante, e
ajudaria a marcar o caráter do grupo, afinal, era um desfile cívico, e o grupo
aberto uma expressão organizada da sociedade civil. Entre nós, debatíamos que
não havíamos feito um protesto, que nosso ato não fora de resistência, mas de
reexistência, tínhamos ao nosso lado o general da escola militar, uma formação
de soldados que ao invés de armas carregavam uma faixa de solidariedade aos
direitos humanos dos deficientes, e na linha de frente do cortejo, ao invés de
nomes de pessoas ou partidos três cadeirantes conduziam a logomarca de uma
política pública nacional. Vimos no “07 de Setembro” uma chance para cantar a
nossa novidade.
A três dias da comemoração
cívica, na última reunião antes do grande dia, fomos comunicados, por telefone,
de que a Secretaria de Cultura desaconselhava a participação do grupo, uma vez
que éramos um grupo de manifestantes, “que já havia tido o seu momento”. A
situação abriu um debate interno no grupo, uma parte gostaria de protestar
contra a situação e a outra preferia concentrar esforços em outras frentes, como
desfazer as interpretações equivocadas sobre a natureza do grupo.
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Tc sem Degraus no 07 de Setembro |
Deu-se que na manhã do feriado,
um tanto contrariados com a situação, eu e a psicóloga Regina Celi Tavares
Kirsten (minha esposa) saímos às ruas para acompanhar as festividades. Foi dela
ideia de procurar por Maycon Emerson, nosso companheiro de “fundação” do grupo
aberto, para desfilarmos com a APAE – que ao saber dos nossos planos topou nos
acolher prontamente, e com a seguinte tirada: “venham conosco, tá cheio de
gente com degrau na cabeça por aí”. O resto da história a imagem ao lado conta.
Coroando nosso dia de tomada do
desfile cívico em nome do despertar da consciência política e social pelos
direitos dos deficientes, na edição noturna do telejornal regional mais assistido
no Sul de Minas foi ao ar uma matéria sobre o trabalho do grupo (vídeo abaixo).
Na reportagem, o Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da
Pessoa com Deficiência, Sr. Antônio José Ferreira, contracena com Maycon
Emerson para reafirmar a maior preocupação do grupo aberto: os gestores
municipais do Brasil todo, também os do Sul de Minas, precisam tomar partido do
“Viver sem Limite” para implantar políticas públicas para os deficientes no
âmbito municipal: no dia da apresentação do Plano Nacional, em Três Corações,
não havia nenhum representante do Executivo Municipal, a necessidade de
sensibilizá-los para o debate aberto é o desafio do “Três Corações sem Degraus”
daqui para adiante: segue a luta pelos direitos dos “malacabados”.
Um abraço fraterno e agradecido, caro Jairo.
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