A FALTA QUE ELE ME FAZ...
O USO DE DROGAS DEVE SER DESMISTIFICADO PELO
CONHECIMENTO
Nesta semana, uma página do Facebook,
intitulada “ALIENAÇÃO PARENTAL – ROMPENDO AMARRAS”, que
tem o objetivo de institucionalizar
a ‘guarda compartilhada’ e combater a ‘alienação parental’, republicou
uma entrevista que dei, há exatamente 10 anos, ao Jornal da Unicamp,
com o título “AUSÊNCIA DA
FIGURA PATERNA LEVA AO CONSUMO ABUSIVO DE DROGAS”.
Até o momento, contavam ali 590 COMPARTILHAMENTOS, com uma sucessão de diversas opiniões
sobre o tema.
“A
Síndrome de Alienação Parental (SAP), também conhecida pela sigla em inglês
PAS, é o termo proposto por Richard Gardner em 1985, para a situação em que a
mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro
genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro
genitor”.
A entrevista procurou ser uma síntese de
minha dissertação de mestrado – A CARREIRA DO DROGADICTO –
naquela universidade, que depois teve parcial continuidade no doutorado que ali
continuei por certo tempo.
É importante, para uma crítica melhor
formulada, que se leia atentamente a reportagem, onde esclareço que “na minha opinião, não é a falta do
pai que leva ao consumo de drogas, e sim a falta de alguém que exerça
adequadamente a função paterna”. Falo em “comprometimento da capacidade de simbolização”, em “comprometimento da capacidade de
apreender a realidade”, em “medidas defensivas que adotam comportamentos onipotentes”, nos
quais se inclui o uso de drogas e um certo “triunfo” sobre a realidade. Falo que “muitas vezes, a falta do pai,
objetivamente falando, coincide com a falta de alguém que exerça a função
paterna (que impõe limites, civilidade, censura)”.
O fenômeno do uso abusivo de drogas é
complexo e contempla diversos aspectos. É preciso pensá-los profundamente para
compreender, além de um viés moralista e cerceador, o que se sucede ao usuário
compulsivo de drogas, para compreendê-lo em sua CARREIRA.
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